Demorei
um pouco para escrever sobre um amigo que nos deixou recentemente. Mais que um
amigo, um padrinho. Conheci Amauri Cacciacarro no começo do ano 2000. Fomos
apresentados pelo mestre Juraci Braz das Chagas, mas parecíamos que éramos
velhos amigos, tamanha a identificação.
Amauri
nasceu em Capão Bonito. Ainda jovem foi buscar lá fora o saber dos números e
cálculos da Engenharia Civil. Rodou o mundo como profissional e turista.
Comandou dezenas de obras importantes, mas nunca se esqueceu da sua terra, da
sua gente.
Construiu
família. Notabilizou-se na profissão. Se aprofundou no conhecimento e na cultura,
e algumas décadas depois, retornou à sua terra natal para visitar amigos e
familiares.
Veio
e resgatou novamente as raízes gameleiras. Seus apareceres em Capão Bonito eram
tão constantes que chegou a alugar um pequeno imóvel na rua Floriano Peixoto
para receber amigos e pernoitar dias e noites que por aqui ficava. No seu
pequeno aconchego encontrávamos livros, revistas, jornais, fotografias, alguns
móveis e eletrodomésticos e uma boa garrafa de cachaça cabocla.
Era
um homem culto, porém a simplicidade e a autenticidade eram suas
características principais. Adorava rodar pelos botecos da cidade. O
tradicional Bar do Dito e o restaurante Cheiro Verde eram os preferidos.
Aos
sábados, o almoço com os amigos (Flori Cordeiro, Juraci Braz, Yuri Chapoval,
Flori Jr, Chico Lino e Poli) era sagrado. Os assuntos, os mais diversos
possíveis. Orgulhava-se em contar suas experiências nas grandes obras que
comandou pelo Estado de São Paulo.
Amauri
defendia com afinco a modernização da rodovia SP-250, que liga Capão Bonito à
Guapiara. Para ele, um exímio engenheiro civil, era preciso um novo traçado e a
implantação da terceira pista em diversos trechos considerados de alta
periculosidade.
Numa
tarde nublada, nos levou para conhecer as áreas que abrigariam as futuras
instalações da nova fábrica da CBE em Ribeirão Grande. Parecia um verdadeiro
professor numa aula prática. Explicava todos os detalhes que até um leigo no
assunto compreenderia perfeitamente.
Entre
os anos de 2003 e 2004 manteve uma boa relação com o ex-prefeito Júnior
Tallarico, mas logo veio a decepção. Em janeiro de 2005, viajou de São Paulo à
Capão Bonito, acompanhado pela esposa, para participar da cerimônia de posse do
então prefeito eleito. Para que a demagogia não prevaleça, é importante
esclarecer que durante o mandato do ex-prefeito, Amauri Cacciacarro o procurou
diversas vezes para apresentar sugestões em obras de infraestrutura, mas jamais
foi ouvido. Essa foi uma das decepções que Amauri guardou até seus últimos
suspiros.
Ele
sempre foi atencioso com os amigos. No inverno de 2003, passei de filho a pai.
Meu querido Eduardo Lino nascia às 14h00 do dia 23 de julho de 2003, pesando um
pouco mais de três quilos. Amauri Cacciacarro e Juraci Braz foram os primeiros
a chegar na maternidade para conhecer o recém nascido. Eduardo começou bem, com
padrinhos de peso.
São
muitas histórias que guardamos do nosso querido Amauri Cacciacarro. Amou esta
terra até os momentos finais de sua vida. Sua morte até parece que foi combinada
com o Senhor: nasceu e morreu em Capão Bonito, mesmo residindo em São Paulo.
Será que veio para se despedir dos amigos? Uma incógnita! A certeza que temos é
que morreu em paz, amando o berço que o fez um grande homem em vida. Saudades
meu velho!
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