Aqui,
no eixo Capão Bonito, Ribeirão Grande e Guapiara, temos um grande reserva de
APP’s (Áreas de Proteção Permanente) e de outros derivados de matas nativas. Um
verde – que não é o do Palmeiras - que embeleza, que nos traz um “ar puro” e um
posicionamento considerável nesses selos de marketing ambiental como Município
Verde Azul. Certa vez, numa conversa ao telefone entre dois amigos – um de
Guapiara e outro de São Paulo – o primeiro disse: “Olha, você precisa vir mais
vezes para Guapiara”, e argumentou completando a frase: “Não há ar mais puro do
que o de Guapiara”.
A
gentileza do guapiarense é até considerável, mas quando o que se elogia numa
cidade é o ar, é porque as coisas não andam tão bem. Deixando um pouco o
folclore de lado, é importante ressaltarmos que o nosso Verde precisa gerar
renda e empregos em toda região, caso contrário, os nativos do Sudoeste
Paulista vão respirar um ar não tão puro como nosso, mas em contrapartida, terão
de volta a dignidade mais importante do homem: o trabalho, o emprego.
Em
minhas atualizações diárias de conhecimento, observei uma notícia no site do
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre a exigência da elaboração dos
Planos Municipais de Resíduos Sólidos. As prefeituras terão até o fim de 2013
para entregar o que se pretende fazer em Capão Bonito com o lixo que hoje é
despejado no aterro sanitário sem nenhum tipo de separação e reaproveitamento,
e os demais resíduos que são jogados, de forma ilegal e irresponsável, em
terrenos impróprios.
A
corte de Contas não vai dar sossego às prefeituras, e faz bem! Governar é
traçar metas e ações claras de desenvolvimento, e a obrigação do Plano de
Resíduos Sólidos será um passo importante para a pavimentação dessa estrada
sustentável. Mas os cidadãos e, principalmente, os vereadores, deverão ficar de
olhos bem abertos para não deixar que as prefeituras chupem planos de outras
localidades. Virou costume institucional do Poder Executivo dar o famoso Ctrl-C
+ Ctrl-V, e trocar apenas algumas letrinhas incômodas.
As
cidades do Sudoeste Paulista precisam transformar esse plano numa oportunidade
de negócio, e para isso, o debate com a iniciativa privada é fundamental.
Estabelecer ações de forma independente do serviço público é uma alternativa
interessante para criar uma cadeia produtiva e alimentar o setor econômico.
Criar centros de coleta e reaproveitamento de materiais como baterias, pneus,
óleos lubrificantes, lâmpadas e eletroeletrônicos, através de concessão
pública, é uma oportunidade de geração de emprego e renda.
Alguns
prefeitos precisam procurar um oculista urgente para enxergar a oportunidade
nessa exigência. Reclamam da falta de recursos e do prazo, mas se esquecem de
que há mais de 30 anos o Governo proibiu os lixões e o plano de resíduo sólido
está previsto desde 2007. Na verdade, não é o prazo nem os recursos que estão
em questão, é a falta de vontade e de visão dos administradores públicos ao
tratar assuntos ambientais e econômicos.
A
empresa Eco Recicle do empresário Paulo Cepil é um exemplo de como a Prefeitura
deve agir diante de política pública. Hoje, além da coleta de entulhos, a
empresa reaproveita todo o entulho recolhido e o transforme em materiais
ecológicos de construção como tijolos e blocos.
Infelizmente
o cenário, que poderia ser uma esperança de políticas ambientais e de geração
de emprego e renda, é preocupante, tendo em vista a capacidade de gestão pública
de muitos municípios. É preciso estabelecer incentivos fiscais tanto para as
indústrias que se dedicam a reciclar os materiais reaproveitáveis quanto para
as que deles se utilizam. Devem ainda completar as medidas a educação
ambiental, a capacitação dos gestores municipais e a responsabilidade
compartilhada na gestão de resíduos sólidos. O nosso Verde não pode ser
rebaixado como o Verde da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário