Renato Heber não
se rendeu ao sertanejo universitário, ficou no
MPB e hoje canta
em eventos corporativos e reservados para famosos
O músico capão-bonitense Renato
Heber, 35 anos, não se rendeu ao modismo do sertanejo universitário e preferiu
não arranhar sua carreira apelando aos ritmos do momento como “Camaro Amarelo”,
“Água de Coco”... O MPB continua sendo o destaque de seus repertórios e com
isso, criou um diferencial num mercado altamente competitivo.
Apesar de se auto-classificar
como músico amador, a carreira de Renato é similar a de um artista de ponta.
Anda muito, vive na estrada e percorre quase todo o Estado de São Paulo para
mostrar seu talento a milhares de apreciadores da boa música. Sua voz de tom
mais grave, seu repertório com canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan,
Ana Carolina, Tom Jobim, Toquinho, e outros no mesmo nível, e seu movimento
natural diante do violão, acabaram conquistando a simpatia de celebridades como
Roberto Justus, Otávio Mesquita e da saudosa Hebe Camargo.
Considerada a rainha da Televisão
Brasileira, Hebe Camargo virou uma espécie de “tiete” do cantor gameleiro e nas
últimas confraternizações promovidas pela produção de seu programa, Heber virou
o comandante musical das festas, mesmo concorrendo com músicos e bandas
renomadas, e com mais poder midiático. Renato Heber conta que conheceu a
ex-apresentadora num evento realizado na Fazenda Santa Rosa, propriedade da
família do atual deputado federal Guilherme Mussi. “Ali foi meu cartão de
apresentação e minha oportunidade de conhecer pessoas como Hebe Camargo, não
apenas pela fama que carregou, mas pela humildade e simpatia, suas principais
características”, declarou.
O estilo do músico capão-bonitense
também chamou a atenção de grandes empresas nacionais, e hoje, é o músico
oficial da rede de cachaçarias Água Doce, com franquias espalhadas por todo
país, e das confraternizações organizadas pelos bancos HSBC e Bradesco Prime.
Renato Heber é ainda uma das preferências musicais do badalado Restaurante
Capitão 15 da cidade de Tatuí.
Recentemente, teve a oportunidade
de participar de um encontro festivo organizado pelo publicitário e
apresentador Roberto Justus. Na ocasião formou dupla com o próprio Justus, e
com outras celebridades presentes. “Realmente, não sei porque me escolheram.
Eles (os famosos) conhecem músicos e bandas mais renomados, porém, um simples
cantor do interior paulista acabou sendo o escolhido. Acho que gostaram do meu
jeitão caipira”, comentou.
Participou também do programa
Ídolos do SBT, porém, devido ao nervosismo do momento, acabou sendo
desclassificado na última fase eliminatória, mas ganhou elogios dos jurados que
compararam sua voz com a do cantor Emílio Santiago, falecido no último mês de
março.
O DNA Musical
Essa carreira que hoje encanta
gente famosa, começou timidamente na pequena Igreja do Bom Jesus dos Chaves em
Capão Bonito. Heber era um dos integrantes do coral religioso daquela
comunidade, e foi dali que iniciou seus primeiros arranhões no violão. O namoro
com o instrumento começou meio conturbado, devido à ainda falta de habilidade
do iniciante.
Determinado e persistente, Renato
foi buscar aperfeiçoamento, e sua iniciação musical foi com dois dos maiores
músicos de Capão Bonito, os saudosos João de Sales e Joaquim Clarindo. “Até
hoje aplico os ensinamentos do saudoso maestro João Sales. Era um gênio e que
amava ensinar música”, disse. Apesar da preferência pelo violão, Renato se
arriscou em outros instrumentos, como a guitarra.
Para ganhar experiência nos
palcos participou de inúmeros festivais amadores. Ganhou alguns, se decepcionou
em outros, mas sempre colhia algo de positivo da exposição. Sua primeira
apresentação remunerada foi aos 17 anos, em 1996, no antigo Restaurante Recanto
da Terra.
Renato quis ir mais além estudou
no Conservatório Musical e Dramático de Tatuí “Dr. Carlos de Campos”. Não se
habitou as regras de ensino e depois de oito meses decidiu abandonar as
partituras do conservatório. Porém, fez boas amizades por lá, e chegou a formar
dupla com o saxofonista Benedito Campos (Ditinho).
Para sobreviver da música
amadora, ele conta que é preciso fazer de tudo um pouco, e por isso, consta em
seu currículo apresentações solo, com bandas, em conjuntos, em dupla, em trio,
em quarteto, enfim, tocou, cantou, produziu, ou simplesmente organizou. “Não dá
pra viver apenas cantando em barzinho, temos que fazer de tudo um pouco, e é
isso que tenho feito. Mas não costuma reclamar, pois Deus tem me dado muitas
oportunidades e sempre agradeço a cada apresentação”, disse.
Renato Heber é uma dessas pessoas
que não esquece aqueles que lhe estenderam a mão. Sempre teve uma vida modesta,
e por isso, no início de sua carreira, não tinha recursos suficientes para
comprar os instrumentos e equipamentos que uma boa apresentação exige.
Reconhecendo o talento do jovem músico, o empresário Celso Santos decidiu dar
uma força para alavancar a carreira promissora de Renato. “Foi uma das pessoas
que me ajudaram no início da carreira, e serei eternamente grato a esse amigo”.
Quando não está diante do palco,
Renato Heber se inspira em cantores como Jorge Vercilo, Djavan, Toquinho, Tom
Jobim, e tantos outros músicos consagrados da MPB e da Bossa Nova, e para o
futuro ele garante: “Não vou me render ao modismo. Pretendo manter essa linha”,
finalizou.
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