A saudosa Banda Marcial de Capão Bonito,
carinhosamente chamada de Furacão do Sudoeste Paulista, além de ter deixado uma
galeria de troféus e títulos, também deixou saudades.
Berço
de grandes músicos, Capão Bonito também se destaca na revelação de grupos
musicais, mas nenhum se compara em empolgação e títulos como a saudosa Banda
Marcial de Capão Bonito, também conhecida como o “Furacão do Sudoeste
Paulista”.
Em
pouco mais de três anos de vida, conquistou dezenas de títulos regionais e
estaduais e um vice-campeonato brasileiro no Rio de Janeiro, o suficiente para
escrever seu nome na história. Criada pelo antigo Corpo de Bombeiros
Voluntários e pelo ex-vereador Gilson Kurtz em 2004, no ano seguinte foi adotada
pelo ex-prefeito Júnior Tallarico, que deu o “empurrãozinho” que faltava para
os jovens músicos capão-bonitenses despontarem e encantarem todo o país.
“Cinco,
quatro, três, dois, um... Capão Bonito!”. Foi com este refrão que a Banda
Marcial anunciava, com muito orgulho, o nome da cidade mãe. Em cada lugar que
chegava, o “Furacão” empolgava, não só pelo talento dos músicos e dançarinas,
mas pela vibração que transmitiam. Cidades disputavam entre si uma vaga na
agenda de apresentações da agremiação musical, que também se destacou em
diversos programas de Televisão. O sucesso era tanto que foi convidada para
abrilhantar a cerimônia de encerramento da Copa TV TEM de Futsal e da Stock Car
Brasil no autódromo de Interlagos em São Paulo.
As
dificuldades financeiras eram superadas pela garra e força de vontade dos
componentes, que se organizavam para promover festas e outras atividades com
objetivo único de arrecadar fundos para a renovação de uniformes e instrumentos
musicais. Vale destacar ainda a persistência e a dedicação do ex-maestro João
Luiz Siqueira (Cuca), que não media esforços para, regularmente, conduzir os
ensaios e deixar a Banda sempre pronta para a próxima apresentação.
O
espírito de união se comparava ao de uma verdadeira família. Mesmo nas apresentações
mais modestas, o grupo não perdia a empolgação. Até os ensaios realizados na
praça Cunha Bueno eram acompanhados por um grande número de espectadores. O
repertório, composto por músicas populares acompanhado de coreografias bem
sincronizadas pelas belas dançarinas, era contagiante e atraía milhares de
admiradores.
A
cada ano, o povo de Capão Bonito aguardava ansioso a chegada do aniversário da
cidade, para acompanhar a grande sensação dos desfiles cívicos, a Banda Marcial
de Capão Bonito, que aproveitava a data e o grande público da festa, para o
lançamento oficial dos novos repertórios e coreografias. A última participação
em desfile cívico da Banda, realizada no ano de 2007, mesmo após o encerramento
da apresentação, uma multidão de admiradores acompanhou os jovens músicos da
praça Rui Barbosa até a praça Cunha Bueno. Uma cena jamais vista na história
musical do município. Outra passagem que marcou a história da banda foram as lágrimas e emoção de todos os componentes
quando ouviram o anúncio oficial do título de vice-campeã brasileira no Rio de
Janeiro.
Mas,
infelizmente, as adversidades políticas foram destruindo mais um patrimônio
cultural de Capão Bonito. As brigas entre o ex-maestro e um secretário do
ex-prefeito Júnior Tallarico, que não concordava com algumas posições do
regente, foram desunindo o grupo e desmotivando os jovens músicos. O então
secretário chegou ao ponto de colocar seu cargo a disposição caso o maestro
permanecesse no comando da Banda.
Após
uma reunião com os próprios componentes da Banda, que assim como a conhecida
história do Imperador Júlio César, que fora traído pelo próprio sobrinho Brutus
– “... até tu, Brutus meu filho”-, que deu a apunhalada final no assassinato do
Imperador, o maestro foi demitido com aval daqueles que o tinham como líder e
professor.
A
Banda Marcial de Capão Bonito ganhou um novo maestro e uma nova denominação (Fênix),
mas perdeu aquilo que a diferenciava das demais: a ALMA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário