Ribeirão
nasceu Capão e Capão nasceu em Ribeirão, que há de 19 anos comemora sua
emancipação da cidade mãe. Há uma grande curiosidade nesta separação. Antes de
carregar o nome de Capão Bonito, o município foi batizado de Freguesia Velha,
às margens do Rio das Almas, localização esta que hoje pertence a Ribeirão
Grande.
O
povoado daquele pequeno chão de terra foi crescendo e se espelhando por outros
cantos da região, se consolidando como o município de Capão Bonito. A história
destes dois municípios se confunde. Não dá pra falar de um sem citar o outro.
Mas
há algumas peculiaridades que só encontramos em Ribeirão Grande. Alguns elementos
históricos apontam que Ribeirão Grande germinou no Ribeirão dos Cruzes, uma
pequena comunidade familiar, os “Cruzes”, que afincaram moradias em torno de um
imóvel feito em taipa e chão batido, a “Casa Grande”, que hoje virou memória
histórica na cidade e recentemente recebeu obras de restauração.
No
início do século XIX, a famosa “Casa Grande” servia como uma espécie de venda –
pequenos estabelecimentos comerciais encontrados geralmente em comunidades
rurais. Ali, o povoado e viajante encontravam alimentos, especiarias e objetos
da época.
Alguns
aprendizes a historiadores defendem que tropeiros utilizavam o local como posto
de troca. Documentos encontrados em arquivos históricos do Governo de São Paulo
contradizem essa hipótese, pois não constam nos mapas oficiais que tropas
vindas do Sul passavam por ali, considerando a localização geográfica do povoado,
que ficava na contramão da rota original.
A
cultura e as tradições de Ribeirão Grande se formaram dentro dos princípios religiosos
e das comemorações festivas da Igreja Católica. Cada comunidade tem seu santo
padroeiro e suas festividades comemorativas. A tradicional quermesse, o vinho
quente, o bolinho de frango permanecem vivos nos costumes locais.
Até
hoje, o povo mais antigo do município ainda utiliza palavras consideradas
arcaicas pela Língua Portuguesa. Outras manifestações culturais são expressas
através de danças como o Fandango de Tamanco. A origem do ritmo é espanhola e
não tropeira, como afirmam alguns palpiteiros. Uma tradição que é passada de
pai para filho há algumas décadas.
O
som da dança vem das violas de dez cordas, da sanfona de oito baixos e do
sapateado dos tamancos sincronizados com a melodia e fabricados pelos próprios
componentes. Os tamancos são produzidos com madeira das árvores de laranja, que
segundo eles, é mais resistente.
Na
gastronomia o destaque é o famoso “Rojão”, prato típico de Ribeirão Grande que
conquistou o paladar de outras regiões e localidades. O tempero forte e a carne
enrolada na madeira e amarrada com barbante é presença garantida nos principais
eventos do interior de São Paulo.
Emancipação
O
processo de emancipação de Ribeirão Grande começou no início da década de 70,
quando o antigo diretório do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) de Capão
Bonito, solicitou à Justiça Eleitoral da época, a instalação de seções eleitorais
no então distrito de Ribeirão Grande. Os documentos foram assinados pelos
emedebistas Juraci Braz das Chagas e Antônio Roque Citadini, hoje conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Ainda
nos anos 70, o distrito ganhou uma subprefeitura. Por lá passaram personalidades
como Leomir Baldissera, Eduardo Brizola e Vicente Silvano. Antes de ser chamado
de município, Ribeirão Grande tinha papel importante na política
capão-bonitense. Elegeu vários vereadores: Vandir Mendes de Queiroz, Eduardo
Brizola, Cláudio Balaio e Jaime Tozzo.
As
primeiras reuniões para discutir a separação de Capão Bonito começaram no ano
de 1989. O primeiro passo foi criar uma comissão. Depois disso, iniciaram o
levantamento de dados e a coleta de assinatura para a elaboração do
requerimento proposto pela Assembléia Legislativa. A emancipação oficial
ocorreu no dia 30 de dezembro de 1991, e foi assinada pelo então governador
Luiz Antônio Fleury Filho.
Hoje,
a cidade não é só independente nas esferas econômicas e jurídicas. Ribeirão
Grande é um município com identidade própria, com costumes e tradições
próprias. Sua paisagem construída pelas belezas naturais da Mata Atlântica
atrai turistas do Brasil inteiro. A cidade pode ser pequena no número de
habitantes, mas é grande na alma e no coração.
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