Eles
surgiram de repente. Sem nada programar. Espontâneo. Foi assim, no Carnaval de
1990 que nasceu o maior bloco carnavalesco e a torcida mais fanática do futebol
capão-bonitense.
Numa
época em que o carnaval de salão ainda reinava nas tradições e costumes
gameleiros, um seleto grupo de jovens penetrou nas noites de folia com muita
ousadia, irreverência e criatividade, e nos anos seguintes, desbancou outros
grupos e se transformou no maior e melhor bloco de carnaval de Capão Bonito: o
Banana Bloco.
Aos
poucos o bloco foi crescendo e ganhando novos adeptos. Foram anos e anos
consecutivos no topo do pódio. Alguns até tentavam concorrer contra a
irreverência dos “Banana”. Outros investiam em fantasias sofisticadas, mas nada
se comparava a energia e empolgação que os jovens bananeiros transmitiam quando
pisavam no salão do Capão Bonito Clube.
A cada
ano, um integrante oferecia a própria residência para a concentração, uma
espécie de sede nos dias de Carnaval. A casa da família do saudoso Joãozinho
Blóes acabou sendo a recordista. Um de seus filhos, Angelo Otávio, acabou se
transformando num dos líderes do grupo, tamanha era sua paixão e dedicação ao
bloco. Além dele, outros acompanharam o mesmo ritmo: Levi; Pinóquio; Sujo;
Cabeção; Bey; Parmito; Bolinho; Nhanhão; André Bi; Formiga; Fábio Osso; Barata;
Emerson Chulé; Butice (in memorian); Juninho Vasconcellos; Zóio Vasconcellos;
Wagner Negão; Caio Seco; Nhã; Kako; Danilo Serrote; Alexandre Peceguini; André
Biracov; Cabrito; Cadelo; Eide Ikeda; Isac Proença; Bisteca; Edgard Proença;
Sandrinho; Marquinho Batata; Marco e Alan Cacciacarro; Juca; Dunga; Pedrinho
Braz; Luizinho Stori; Evandro Dj; Jefferson; Rodrigo Pera; Xuxa; Ike; Picego;
Carmo Henrique; Piuí; Augustinho; Titica; Xaxã ou Chanchã; Baiá; Wilton Lucas; Paulinho
Macarrão; Jao; Bofe; Curumin. Sandrão; Flavinho; Juliano Venturelli (Bibão);
Tarcísio Cabeleleiro; Antônio Eduardo; Sorriso; Sabiá; Fabrício; Chico Lino; Rinaldi
(Gordo); Elder Piriquito; Chupeta; Coruja; Douglas; entre outros tantos.
A amizade
entre os “Bananas” se tornou fraternidade. O motor gerador desses jovens era a
paixão pela “rodinha de bar”, onde se reuniam frequentemente, fosse para uma
cartada de truco, ou por uma simples aposta. Aí de quem perdesse o jogo. Cada
perdedor tomava uma dose cheia de cachaça.
Da folia
e das rodas de bar, o “Banana” virou mania. Todo ano, o grupo lançava moda.
Eram camisetas, bonés e brindes com o desenho da banana mais famosa do Sudoeste
Paulista.
Nos
tradicionais bailes do Queijo e Vinho; Hawaí; Fantasia, entre outros, lá
estavam eles, juntos e promovendo alegria. Nos desfiles cívicos, o “Banana”
também era presença garantida, fosse em cima de um carro alegórico ou numa
partida amistosa, onde os integrantes se fantasiavam de mulheres e atraíam
milhares de pessoas nas arquibancadas da quadra esportiva do CBC.
O “Banana”
também fez história em outros salões. No futsal, os batizados “Banana Ball”
(time A) e o “Boca de Litro” (time B), tinham uma torcida fanática e fiel, que
sempre roubavam a cena e comandavam o espetáculo das arquibancadas, que se
dividiam entre os “Bananas” e os “Não-Bananas”. Títulos, polêmicas e muita
vibração marcaram a passagem deles pelo futebol.
Aproveitando
a mobilização da época, o grupo do carnaval, da roda de bar e do futebol,
também se moveu com as causas sociais. Promoveram campanhas do agasalho;
arrecadação de alimentos; eventos beneficentes e muitas outras atividades que
ajudaram centenas de famílias carentes do município.
Várias
gerações passaram pelo “Banana”, e se passaram. O carnaval de salão acabou. O
espírito das arquibancadas enfeitadas de preto, branco e amarelo foi
adormecido. A garra e o amor pela camisa ficaram apenas na memória dos atletas
e integrantes. Mas, ninguém vai conseguir apagar da história o nome desses
jovens que alegraram e sacudiram por muito tempo esse chão chamado Capão Bonito.
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