Padre obreiro

Passo o mouse do meu Mac pela fan page no Facebook e verifico a repercussão que  minha obra literária à base de batata provocou no cenário político gameleiro. Até os ex-prefeitos Junior Tallarico e Roberto Tamura, que hoje se dedicam em atividades fora do manto de nossa padroeira devido ao cortejo eleitoral, foram à defesa do personagem da semana. Senti-me honrado com tamanha oposição. Dois leões experientes contra um gatinho debutante, ou melhor, um foca iniciante.

Optei pela carreira jornalístico-literária sabendo das consequências que o ato de falar a verdade gera numa roda composta de falsos moralistas. As pauladas que recebo pelas costas já não me incomodam mais. Os músculos e a pele se transformaram em calo.

Voltando a rotina, passo na redação d’O Expresso e recebo a missão de elaborar uma reportagem especial sobre o jubileu de ouro da Paróquia São José de Guapiara. Entrei em contato com a secretaria paroquial e agendei um encontro com o Pároco Pedro Martins Vieira, que surpreendeu os capão-bonitenses quando atuou como chefe da comunidade Nossa Senhora da Conceição e promoveu uma belíssima e completa revitalização em nossa Matriz.

Ficou pouco tempo por aqui, mas deixou marcas positivas. Foi injustamente perseguido por um grupo de pessoas ligadas a uma família que sempre sobreviveu da política, e que não aceitava o destaque empreendedor do então pároco. Capão perdeu, Guapiara ganhou.

Na última quarta-feira, depois de um delicioso café da manhã na padaria São José – uma coincidência planejada - chego à secretaria da Paróquia São José para entrevistar o padre arrojado. Sou carinhosamente recebido por um grupo de cozinheiras que montaram uma cozinha improvisada na área do imóvel para comercializar marmitas para o exército de vendedores ambulantes que vieram à cidade para aproveitar a grande festa do Santo Padroeiro. Um dinheiro extra que a igreja arrecada e que será aplicado num grande projeto relacionado ao turismo religioso.

O personagem da reportagem é comunicado sobre a minha presença e também, me recebe com uma gentileza encontrada apenas naqueles que transmitem paz espiritual. Inicio a entrevista e de imediato, noto o brilho em seus olhos ao relatar as conquistas e os avanços da paróquia nos últimos anos.

Transformei o ato jornalístico num bate-papo informal e que rendeu boas informações. Na conversa sobre a história da paróquia e sobre as atividades ali desenvolvidas, chegamos ao ponto mais interessante da reportagem: a construção do Santuário de Nossa Senhora D’Ajuda no bairro Capela do Alto, que recebe milhares de romeiros e fiéis durante o ano.

Pedro Martins é um padre diferenciado. Tem qualidades intelectuais e espirituais como outros líderes religiosos, porém, seu olhar enxerga o que outros não veem. Criou um projeto que vai se transformar na maior esperança de renda turística da região, apesar de não assumir o DNA da criação. Prefere manter suas boas relações com a Diocese e utilizar a primeira pessoa do plural. O Santuário vai promover muitos milagres, inclusive o de resgatar o potencial econômico de Guapiara e de manter os jovens na cidade. 

Aproveitando o gancho da chegada do novo Papa, concluo com a seguinte metáfora: A igreja está precisando de alguém para consertar as coisas, e de muitos padres obreiros, e Guapiara tem o seu.