sexta-feira, 17 de abril de 2015

Saudades meu velho!



Demorei um pouco para escrever sobre um amigo que nos deixou recentemente. Mais que um amigo, um padrinho. Conheci Amauri Cacciacarro no começo do ano 2000. Fomos apresentados pelo mestre Juraci Braz das Chagas, mas parecíamos que éramos velhos amigos, tamanha a identificação.

Amauri nasceu em Capão Bonito. Ainda jovem foi buscar lá fora o saber dos números e cálculos da Engenharia Civil. Rodou o mundo como profissional e turista. Comandou dezenas de obras importantes, mas nunca se esqueceu da sua terra, da sua gente.

Construiu família. Notabilizou-se na profissão. Se aprofundou no conhecimento e na cultura, e algumas décadas depois, retornou à sua terra natal para visitar amigos e familiares.

Veio e resgatou novamente as raízes gameleiras. Seus apareceres em Capão Bonito eram tão constantes que chegou a alugar um pequeno imóvel na rua Floriano Peixoto para receber amigos e pernoitar dias e noites que por aqui ficava. No seu pequeno aconchego encontrávamos livros, revistas, jornais, fotografias, alguns móveis e eletrodomésticos e uma boa garrafa de cachaça cabocla.
Era um homem culto, porém a simplicidade e a autenticidade eram suas características principais. Adorava rodar pelos botecos da cidade. O tradicional Bar do Dito e o restaurante Cheiro Verde eram os preferidos.

Aos sábados, o almoço com os amigos (Flori Cordeiro, Juraci Braz, Yuri Chapoval, Flori Jr, Chico Lino e Poli) era sagrado. Os assuntos, os mais diversos possíveis. Orgulhava-se em contar suas experiências nas grandes obras que comandou pelo Estado de São Paulo.

Amauri defendia com afinco a modernização da rodovia SP-250, que liga Capão Bonito à Guapiara. Para ele, um exímio engenheiro civil, era preciso um novo traçado e a implantação da terceira pista em diversos trechos considerados de alta periculosidade.

Numa tarde nublada, nos levou para conhecer as áreas que abrigariam as futuras instalações da nova fábrica da CBE em Ribeirão Grande. Parecia um verdadeiro professor numa aula prática. Explicava todos os detalhes que até um leigo no assunto compreenderia perfeitamente.

Entre os anos de 2003 e 2004 manteve uma boa relação com o ex-prefeito Júnior Tallarico, mas logo veio a decepção. Em janeiro de 2005, viajou de São Paulo à Capão Bonito, acompanhado pela esposa, para participar da cerimônia de posse do então prefeito eleito. Para que a demagogia não prevaleça, é importante esclarecer que durante o mandato do ex-prefeito, Amauri Cacciacarro o procurou diversas vezes para apresentar sugestões em obras de infraestrutura, mas jamais foi ouvido. Essa foi uma das decepções que Amauri guardou até seus últimos suspiros.

Ele sempre foi atencioso com os amigos. No inverno de 2003, passei de filho a pai. Meu querido Eduardo Lino nascia às 14h00 do dia 23 de julho de 2003, pesando um pouco mais de três quilos. Amauri Cacciacarro e Juraci Braz foram os primeiros a chegar na maternidade para conhecer o recém nascido. Eduardo começou bem, com padrinhos de peso.

São muitas histórias que guardamos do nosso querido Amauri Cacciacarro. Amou esta terra até os momentos finais de sua vida. Sua morte até parece que foi combinada com o Senhor: nasceu e morreu em Capão Bonito, mesmo residindo em São Paulo. Será que veio para se despedir dos amigos? Uma incógnita! A certeza que temos é que morreu em paz, amando o berço que o fez um grande homem em vida. Saudades meu velho!



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