segunda-feira, 20 de abril de 2015

Prata da casa e ouro na casa

A dupla capão-bonitense Eraldo Santana e Marcelo Violeiro rodaram o Estado em festivais sertanejos, mas foi na própria casa que veio a consagração



Um velho provérbio diz que “Santo da casa não faz milagre” ou de que “É mais fácil ser Rei em Roma do que ter os aplausos da aldeia”. Essas frases estão mais para folclore do que para realidade, e uma dupla de apaixonados pela moda caipira mostrou de que é possível sim, ser aplaudido pelos próprios conterrâneos.  

A dupla capão-bonitense de música sertanejo raiz, Eraldo Santana e Marcelo Violeiro, completa no próximo mês de agosto dois anos de formação, e nesse pouco tempo de estrada, já venceram dois festivais na modalidade, sendo que o segundo foi conquistado na própria aldeia, na própria terra. No último domingo, dia 7, eles foram consagrados como a dupla campeã do Festival Sertanejo promovido pela Secretaria Municipal de Cultura no clube Kai-Kan, interpretando a música “Lamento de Carreiro”, do saudoso Tião Carrero.

A música que contagiou jurados e plateia traz a saudade do canto do velho carro de boi e de sua boiada, e é essa mesma saudade também serve de inspiração para esses dois “caboclos” da moda sertaneja.

Marcelo Violeiro, 36 anos, é nascido em Capão Bonito, e toda vez que pega na viola, seus pensamentos remetem ao passado. Seu cérebro funciona como uma espécie de máquina do tempo, e ao passar os dedos pelo instrumento musical, recorde-se do passado boiadeiro de seus pais e avós. “A música raiz é mágica, toda vez que sento para tocar lembro-me, com emoção, da minha infância e de meus antepassados”, disse.

Eraldo Santana, 52 anos, diz que o dom de encantar as pessoas através da música vem de sua genética boiadeira. Nascido no município Joanópolis, relata que herdou a arte de seu avô, Silvio Santana, fazendeiro e seresteiro. “Cresci ouvindo as serestas de meu avô, e dali começou esse relacionamento com a música”, contou.

Quis o destino, unir esses dois corações sertanejos no mesmo palco, e de um simples bate papo, nasceu a dupla Eraldo Santana e Marcelo Violeiro. “Comprei uma viola e liguei para o Marcelo para tomar algumas dicas e instruções. Ele veio em casa e começamos esse entrosamento musical”, relatou Eraldo.

Depois de alguns ensaios, caíram na estrada, e nela permanecem até hoje, percorrendo o Estado de São Paulo em busca de festivais e promovendo aquilo que os motiva: a música sertanejo raiz.

Eraldo e Marcelo são dedicados e desde a primeira apresentação, apontam uma grande evolução na sincronização dos acordes. Ensaiam o repertório composto de 60 músicas de três a quatro dias por semana. A dupla tem outra qualidade: a humildade. Eles têm o pé no chão sobre o futuro. Questionados sobre a fama e sucesso, respondem: “Queremos simplesmente cantar. Cantamos pelo simples prazer de cantar”.








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