sexta-feira, 17 de abril de 2015

A maior de todos os tempos

A saudosa Banda Marcial de Capão Bonito, carinhosamente chamada de Furacão do Sudoeste Paulista, além de ter deixado uma galeria de troféus e títulos, também deixou saudades.



Berço de grandes músicos, Capão Bonito também se destaca na revelação de grupos musicais, mas nenhum se compara em empolgação e títulos como a saudosa Banda Marcial de Capão Bonito, também conhecida como o “Furacão do Sudoeste Paulista”.

Em pouco mais de três anos de vida, conquistou dezenas de títulos regionais e estaduais e um vice-campeonato brasileiro no Rio de Janeiro, o suficiente para escrever seu nome na história. Criada pelo antigo Corpo de Bombeiros Voluntários e pelo ex-vereador Gilson Kurtz em 2004, no ano seguinte foi adotada pelo ex-prefeito Júnior Tallarico, que deu o “empurrãozinho” que faltava para os jovens músicos capão-bonitenses despontarem e encantarem todo o país.

“Cinco, quatro, três, dois, um... Capão Bonito!”. Foi com este refrão que a Banda Marcial anunciava, com muito orgulho, o nome da cidade mãe. Em cada lugar que chegava, o “Furacão” empolgava, não só pelo talento dos músicos e dançarinas, mas pela vibração que transmitiam. Cidades disputavam entre si uma vaga na agenda de apresentações da agremiação musical, que também se destacou em diversos programas de Televisão. O sucesso era tanto que foi convidada para abrilhantar a cerimônia de encerramento da Copa TV TEM de Futsal e da Stock Car Brasil no autódromo de Interlagos em São Paulo.

As dificuldades financeiras eram superadas pela garra e força de vontade dos componentes, que se organizavam para promover festas e outras atividades com objetivo único de arrecadar fundos para a renovação de uniformes e instrumentos musicais. Vale destacar ainda a persistência e a dedicação do ex-maestro João Luiz Siqueira (Cuca), que não media esforços para, regularmente, conduzir os ensaios e deixar a Banda sempre pronta para a próxima apresentação.

O espírito de união se comparava ao de uma verdadeira família. Mesmo nas apresentações mais modestas, o grupo não perdia a empolgação. Até os ensaios realizados na praça Cunha Bueno eram acompanhados por um grande número de espectadores. O repertório, composto por músicas populares acompanhado de coreografias bem sincronizadas pelas belas dançarinas, era contagiante e atraía milhares de admiradores.

A cada ano, o povo de Capão Bonito aguardava ansioso a chegada do aniversário da cidade, para acompanhar a grande sensação dos desfiles cívicos, a Banda Marcial de Capão Bonito, que aproveitava a data e o grande público da festa, para o lançamento oficial dos novos repertórios e coreografias. A última participação em desfile cívico da Banda, realizada no ano de 2007, mesmo após o encerramento da apresentação, uma multidão de admiradores acompanhou os jovens músicos da praça Rui Barbosa até a praça Cunha Bueno. Uma cena jamais vista na história musical do município. Outra passagem que marcou a história da banda foram as  lágrimas e emoção de todos os componentes quando ouviram o anúncio oficial do título de vice-campeã brasileira no Rio de Janeiro.

Mas, infelizmente, as adversidades políticas foram destruindo mais um patrimônio cultural de Capão Bonito. As brigas entre o ex-maestro e um secretário do ex-prefeito Júnior Tallarico, que não concordava com algumas posições do regente, foram desunindo o grupo e desmotivando os jovens músicos. O então secretário chegou ao ponto de colocar seu cargo a disposição caso o maestro permanecesse no comando da Banda.

Após uma reunião com os próprios componentes da Banda, que assim como a conhecida história do Imperador Júlio César, que fora traído pelo próprio sobrinho Brutus – “... até tu, Brutus meu filho”-, que deu a apunhalada final no assassinato do Imperador, o maestro foi demitido com aval daqueles que o tinham como líder e professor.

A Banda Marcial de Capão Bonito ganhou um novo maestro e uma nova denominação (Fênix), mas perdeu aquilo que a diferenciava das demais: a ALMA.



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