sexta-feira, 24 de abril de 2015

Ar puro e economia poluída



Aqui, no eixo Capão Bonito, Ribeirão Grande e Guapiara, temos um grande reserva de APP’s (Áreas de Proteção Permanente) e de outros derivados de matas nativas. Um verde – que não é o do Palmeiras - que embeleza, que nos traz um “ar puro” e um posicionamento considerável nesses selos de marketing ambiental como Município Verde Azul. Certa vez, numa conversa ao telefone entre dois amigos – um de Guapiara e outro de São Paulo – o primeiro disse: “Olha, você precisa vir mais vezes para Guapiara”, e argumentou completando a frase: “Não há ar mais puro do que o de Guapiara”.

A gentileza do guapiarense é até considerável, mas quando o que se elogia numa cidade é o ar, é porque as coisas não andam tão bem. Deixando um pouco o folclore de lado, é importante ressaltarmos que o nosso Verde precisa gerar renda e empregos em toda região, caso contrário, os nativos do Sudoeste Paulista vão respirar um ar não tão puro como nosso, mas em contrapartida, terão de volta a dignidade mais importante do homem: o trabalho, o emprego.


Em minhas atualizações diárias de conhecimento, observei uma notícia no site do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre a exigência da elaboração dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos. As prefeituras terão até o fim de 2013 para entregar o que se pretende fazer em Capão Bonito com o lixo que hoje é despejado no aterro sanitário sem nenhum tipo de separação e reaproveitamento, e os demais resíduos que são jogados, de forma ilegal e irresponsável, em terrenos impróprios.


A corte de Contas não vai dar sossego às prefeituras, e faz bem! Governar é traçar metas e ações claras de desenvolvimento, e a obrigação do Plano de Resíduos Sólidos será um passo importante para a pavimentação dessa estrada sustentável. Mas os cidadãos e, principalmente, os vereadores, deverão ficar de olhos bem abertos para não deixar que as prefeituras chupem planos de outras localidades. Virou costume institucional do Poder Executivo dar o famoso Ctrl-C + Ctrl-V, e trocar apenas algumas letrinhas incômodas.

As cidades do Sudoeste Paulista precisam transformar esse plano numa oportunidade de negócio, e para isso, o debate com a iniciativa privada é fundamental. Estabelecer ações de forma independente do serviço público é uma alternativa interessante para criar uma cadeia produtiva e alimentar o setor econômico. Criar centros de coleta e reaproveitamento de materiais como baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e eletroeletrônicos, através de concessão pública, é uma oportunidade de geração de emprego e renda.


Alguns prefeitos precisam procurar um oculista urgente para enxergar a oportunidade nessa exigência. Reclamam da falta de recursos e do prazo, mas se esquecem de que há mais de 30 anos o Governo proibiu os lixões e o plano de resíduo sólido está previsto desde 2007. Na verdade, não é o prazo nem os recursos que estão em questão, é a falta de vontade e de visão dos administradores públicos ao tratar assuntos ambientais e econômicos.

A empresa Eco Recicle do empresário Paulo Cepil é um exemplo de como a Prefeitura deve agir diante de política pública. Hoje, além da coleta de entulhos, a empresa reaproveita todo o entulho recolhido e o transforme em materiais ecológicos de construção como tijolos e blocos.

Infelizmente o cenário, que poderia ser uma esperança de políticas ambientais e de geração de emprego e renda, é preocupante, tendo em vista a capacidade de gestão pública de muitos municípios. É preciso estabelecer incentivos fiscais tanto para as indústrias que se dedicam a reciclar os materiais reaproveitáveis quanto para as que deles se utilizam. Devem ainda completar as medidas a educação ambiental, a capacitação dos gestores municipais e a responsabilidade compartilhada na gestão de resíduos sólidos. O nosso Verde não pode ser rebaixado como o Verde da Sociedade Esportiva Palmeiras. 

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