sexta-feira, 24 de abril de 2015

Raul Venturelli: política e medicina pelo bem do povo

Há 50 anos, um acidente automobilístico cerceou, talvez, a mais brilhante carreira política de Capão Bonito



O jeito carinhoso de tratar as pessoas, a paciência em ouvir, a forma educada de se relacionar, são algumas das características que alguns ainda conservam do médico que governou Capão Bonito no início da década de 60. Em agosto deste ano marca os 50 anos da morte de uma das principais personalidades que o município já conheceu, quer seja no campo da política ou da medicina: Raul Venturelli. O capitalismo que hoje impera numa das mais belas profissões humanas, jamais contaminou Raul Venturelli. Como médico, procurou honrar o juramento de “cuidar da saúde das pessoas”. A vaidade passava longe de sua conduta de vida. Não foram poucas as vezes que atendeu no meio da rua. Era mais que um médico: era amigo, conselheiro, quase um membro das milhares de famílias que o admiravam.

De família tradicional, corria em suas veias o sangue de políticos. Filho do ex-prefeito João Venturelli e de Arthulívia Mendes, conviveu de perto com as acirradas disputas políticas entre sua família e a de Oscar Kurtz Camargo. A cidade quase que se divida ao meio. De um lado os oscaristas e de outro os venturelistas.

Raul nasceu em 10 de maio de 1922 e com apenas 13 anos de idade, conquistou seu primeiro diploma, formando-se no antigo Grupo Escolar, hoje escola Jacyra Landim Stori. Em 1940, concluiu o primeiro ano do curso secundário obtendo nota máxima em todas as disciplinas. Aproveitou a rápida passagem pela vizinha Itapetininga para cumprir com suas obrigações militares . Serviu o Tiro de Guerra e lá trouxe a experiência cívica da disciplina militar.

No ano seguindo, trocou novamente de cidade. Da terra das escolas foi para o norte paulista e concluiu o segundo ano do ensino secundário na cidade de Ribeirão Preto. Novamente se destacou pela dedicação aos estudos e recebeu diversos prêmios oferecidos pela direção da escola que abrigou o capão-bonitense.

Faltava mais um ano para receber o diploma do hoje Ensino Médio. Para isso, trocou o ar de Ribeirão Preto pelo de Curitiba, capital do Estado do Paraná, onde se formou pelo Colégio Paranaense. Novamente foi um dos destaques da turma de formandos. Na cerimônia de entrega dos certificados, como orador, soube usar as palavras corretas e precisas para emocionar a plateia presente, que não poupou palmas e saudações ao jovem brilhante nascido em Capão Bonito.

Além da familiaridade com o mundo do conhecimento, Raul Venturelli tinha outras virtudes: demonstrou coragem e ousadia ao reunir centenas de jovens e moradores na praça Rui Barbosa em plena Segunda Guerra Mundial. Usou seu farto vocabulário e sua boa argumentação para ressaltar a importância de servir à Pátria em momentos cruciais como aqueles.

A medicina
Para realizar o sonho de servir ao próximo e cuidar de pessoas como médico, foi buscar aprimoramento no Colégio Pan-Americano de São Paulo. Foram três anos – de 44 a 47 – dedicando-se, dia e noite, aos livros e cadernos especiais que continham as informações requisitadas nos vestibulares de medicina. Foi aprovado com excelente classificação na Faculdade de Medicina de Curitiba, onde permaneceu por quatro anos. Pediu transferência para concluir o curso na Faculdade Paulista de Medicina, onde em 1952 recebeu o tão sonhado título de médico, o primeiro médico nascido em Capão Bonito.

Como médico trabalhou em diversas cidades como São Paulo, Bauru e retornou definitivamente para sua cidade natal em 1957. Em Capão Bonito, a atuação médica de Raul Venturelli ia muito além do consultório. Era conselheiro, amigo e atendia o povo no meio da rua. Seguia a risco o juramento de Hipócrates, que os médicos fazem ao receber o diploma: ˜Salvar Vidas˜. Católico praticante, era defensor da medicina social, aquela mais voltada às famílias carentes.

A política
Em menos de dois como médico, conquistou a admiração da população e uma legião de admiradores, e isso, o credenciou para mais um desafio: disputar as eleições para prefeito de 1959 contra um leão da época, o ex-prefeito Oscar Kurtz Camargo, que também carregava grande aprovação e respeito na cidade. Como diz o velho ditado: “Eleição não é época de plantar e sim de colher”, e foi com a mesma humildade de médico que se elegeu o prefeito mais jovem da cidade, ate então.

Foi um prefeito diferenciado para os padrões da época. Trocou o conservadorismo pela inovação. Primeiro buscou parcerias com o Governo Estadual. A postura, a fala e o conhecimento do prefeito capão-bonitense abriram as portas do gabinete do governador paulista da época, Carvalho Pinto. Seu bom trânsito nas esferas governamentais trouxe bons investimentos para Capão Bonito.

Porém, também foi durante o mandato de Raul Venturelli que a cidade sofreu um dos maiores golpes econômicos de sua história: a mudança do fluxo rodoviário que atravessava a cidade na época e trazia bons dividendos na época, para a BR 116, a famosa Regis Bittencourt. A economia de Capão Bonito adoeceu, e sua recuperação demorou décadas.

A tristeza se agravou com mais um duro golpe. Um trágico acidente de automóvel tirou a vida do promissor prefeito. Raul Venturelli viajava constantemente a São Paulo em busca de recursos para o seu município, e numa dessas viagens, mais precisamente no dia 16 de agosto de 1962, numa tarde de garoa fina, veio a perder a vida. Foi um dos dias mais tristes da história de Capão Bonito.

Entristecida, a população lotou o velório para a última despedida. Capão Bonito chorou longos anos a perda daquele que foi muito mais que um médico ou prefeito: foi um missionário que tinha com único objetivo de vida servir a quem precisasse de sua ajuda.

A comoção da morte do prefeito promissor comoveu toda a cidade, até que um gesto de reconhecimento, o educador Laudelino de Lima Rolim, então diretor do Ginásio Estadual, acampou um movimento para denominar a escola mais importante da cidade, em Colégio Estadual Raul Venturelli (CERV), eternizando desta forma o nome desta personalidade histórica.

Ao carregar o nome de Raul Venturelli, a escola também traz o exemplo de um homem que foi a frente de seu tempo. Um político de visão ampla, com boa oratória, e principalmente, com a devida humildade para exercer a profissão de médico. Tudo isso, o credenciou na época para assumir a Secretaria de Estado da Saúde do ex-governador Carvalho Pinto. Não deu tempo, porém, seu nome fortalece o certificado de milhares de homens e mulheres, de cidadãos e cidadãs, que de simples estudantes, hoje são pais e mães de família, profissionais renomados, que passaram pelo Colégio Raul Venturelli.

Aos estudantes de hoje, fica o exemplo de humildade e dedicação para conquistar um diploma e o reconhecimento profissional. E para se inspirar, basta um olhar diferenciado no retrato de Raul Venturelli.  








FPM continua sendo o filão orçamentário das prefeituras do Sudoeste Paulista

Em 2012, o Governo Federal liberou R$ 15 milhões para Capão Bonito.
O menor repasse foi em setembro: R$  915 mil.



O FPM (Fundo de Participação dos Municípios), recurso previsto na Constituição Federal aos municípios, continua sendo o filão dos orçamentos da maioria das Prefeituras do Sudoeste Paulista. Em 2012, Capão Bonito recebeu R$ 15.472.724,50 (milhões), o que representa a maior transferência de renda do Governo Federal ao município e a maior fatia do bolo orçamentário.

Sem esse recurso, seria praticamente impossível tocar a Prefeitura, considerando a carência de políticas públicas relacionadas à formulação de novas fontes de receita própria. O repasse é feito mensalmente e de acordo com os dados do Portal da Transparência, o pior mês de 2012 para Capão Bonito foi o de setembro, onde a cidade recebeu apenas R$ 915 mil. Em outubro, o montante da transferência de renda aumentou apenas em R$ 60 mil. A compensação veio somente no final de dezembro, onde a Prefeitura recebeu mais de R$ 2 milhões referente ao FPM e conseguiu gerar mais oxigênio para suas contas públicas, que já estavam com as águas pelo pescoço, prestes a se afogarem na Lei de Responsabilidade Fiscal.

O mesmo fenômeno ocorreu nas prefeituras de Guapiara e Ribeirão Grande, que também sofreram com a queda da transferência financeiro do FPM nos meses de setembro, outubro e novembro. O socorro chegou apenas no final do ano, e os prefeitos puderam respirar aliviados. Em 2012, o repasse do FPM para Guapiara foi de R$ 9.283.634,81 (milhões) e em Ribeirão Grande de R$ 4.641.817,54.

Bolsa-Família movimentou R$ 5,7 milhões
no ano passado em Capão Bonito

Em 2012, outra transferência de renda do Governo Federal teve papel importante na economia de Capão Bonito, O Bolsa Família (transferência de renda às famílias em condições de pobreza), e que beneficia mais de 4.327 famílias no município, movimentou mais de R$ 5,7 milhões na economia da cidade. Os dados também foram divulgados pelo Portal da Transparência.

Para o prefeito Julio Fernando, o incremento na renda, além de melhorar a qualidade de vida de quem é assistido, proporciona uma "injeção de recursos em toda a economia capão-bonitense, incrementando o comércio local”.

No ano passado, o Bolsa Família incorporou novas iniciativas como, por exemplo, o limite dos benefícios variáveis, que aumentou de três para cinco filhos por família.  As grávidas e nutrizes (até seis meses) começaram a receber benefício. Além disso, o acompanhamento pré-natal nos postos de saúde foi incorporado como condicionante, a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê.
Os valores dos benefícios hoje variam de R$ 70 a R$ 306, dependendo do perfil econômico e da quantidade de filhos de até 17 anos.

Ele é todo ouvidos

José Saito foi um dos responsáveis pela boa avaliação da primeira gestão de Julio Fernando e os ouvidos e a boca do prefeito nas articulações políticas e institucionais

A Secretaria de Governo da Prefeitura é, sempre, um dos cargos mais desejáveis da classe política local. É uma pasta importante dentro do organograma municipal e traz notoriedade ao político que a comanda, seja para o bem, e muitas vezes para o mal, dependendo da condução e da vaidade de cada secretário. Como a política não é uma ciência exata, esse conceito foi desmistificado pelo secretário que a comandou nos últimos quatro anos.

Discreto e cauteloso, José Saito, 51 anos, assumiu a Secretaria de Governo em 2009, a convite do então prefeito eleito Julio Fernando. Dispensou a força da caneta pelo diálogo e implantou um novo modelo no famoso cargo de “chefe de Gabinete”.

No passado, a função foi muita utilizada como trampolim político. Muitos saiam de lá direto para a Câmara Municipal, porém, José Saito fez o contrário, preferiu promover o prefeito a se autopromover. Mesmo sendo um iniciante na atividade política, parecia um veterano, tamanha foi sua habilidade na remoção de obstáculos e na condução das crises políticas que surgiam na administração pública. “É como se tivesse que matar um leão por dia”, comentou.

Manter a governabilidade de uma administração com 12 secretarias executivas e 1200 funcionários, que cuida de um sistema de saúde que atende mais de 90% da população, que repassa recursos financeiros para quase todas as entidades sociais do município, que atende mais de 13 mil alunos matriculados na rede municipal de Educação, que cuida e mantém mais de 4 mil quilômetros de estradas rurais, que atende fornecedores, empresas, governos e outras centenas de ações e serviços, não é uma tarefa fácil.
Basta permanecer alguns minutos na antessala do gabinete para obervar o diversificado pacote de pedidos que surge durante o expediente do Secretário de Governo. É uma ponte que cai, uma estrada que estraga devido à chuva, um exame laboratorial, uma consulta médica, medicamento, a filha da funcionária que adoeceu, a falta de uma vaga na creche, o vereador que não foi atendido numa reivindicação, o caminhão de terra que não chegou, o carnê do IPTU que veio com dados errados, ou seja, uma infinidade de solicitações que foram devidamente atendidas graças a calma e a serenidade do Secretário de Governo.

Saito não se destacou apenas no varejo político. Soube também atuar como um mestre de xadrez na articulação atacadista. Liderou a formação de um novo partido que deu mais sustentação governamental ao prefeito Julio Fernando. Em menos de um ano, reorganizou o PDT com apoio de outros companheiros e conseguiu eleger quatro vereadores numa composição com o PTB do vice-prefeito Marco Citadini.

Foi um chefe de Gabinete que explorou as técnicas das Relações Públicas. Manteve diálogos constantes com empresários, líderes comunitários, líderes religiosos, presidentes de partido político, membros de associações, entidades e jamais se negou à prestar um atendimento.

Sua fidelidade ao prefeito que garantia acesso livre à maçaneta da sala mais importante do Executivo Municipal. Para resolver um problema ou atender um pedido – de interesse público – optava pela praticidade. Dispensava a burocracia dos papéis e, com um simples telefonema, o cidadão saia do gabinete satisfeito, mesmo que a resposta de sua reivindicação fosse um “não”.

Outra tática que lhe rendeu a fama de Gilberto Carvalho – ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência no Governo Lula e Dilma – foi o feedback (retorno). Saito anotava o telefone de todos que passavam por sua sala e retornava para saber se o problema/pedido havia sido resolvido. Na linguagem do marketing, chamamos isso de pós-venda.

Na campanha, tomou a frente de muitas ações espinhosas e que exigia coragem para dar a “cara à tapa”. Mesmo o prefeito tendo um arsenal de cargos de confiança à disposição, foram poucos que tiveram a audácia do então Secretário de Governo, que botou o peito na frente e tomou muita porrada gratuita, mas que lhe renderam muitas admirações.

José Saito foi muito mais que um ombro amigo do prefeito Julio Fernando, foi os ouvidos para atender desde um simples trabalhador rural ao grande empresário e a boca para costurar uma grande coligação na campanha à reeleição. “A minha relação com o prefeito é mais que profissional. É uma relação de irmão. Faço parte de um time que está tentando colocar Capão Bonito num lugar de destaque no Estado de São Paulo”, disse.

Perfil
Nascido em Capão Bonito, José Saito é um dos oito filhos (quatro homens e quatro mulheres) do casal Antônio Saito e Maria de Lourdes. É casado com Zenilda Lopes e pai de Tiago Saito – formado em Gestão Ambiental -  e da fisioterapeuta Talita Saito.

Seu primeiro emprego foi no antigo Bar do Dragão, localizado na rua Floriano Peixoto, e em seguida, começou uma longa carreira de gerente comercial – 29 anos - na antiga Casas Marinho. 

Depois de perder eleição, Gerson Hussar investe em cruzeiros marítimos

Ex-vereador e ex-vice prefeito organiza viagens a bordo de transatlânticos

Derrotado por goleada nas últimas eleições para prefeito de Capão Bonito, o ex-vereador e ex-vice prefeito Gerson Hussar (vice de Junior Tallarico no mandato 2005-2008), voltou a investir e apostar em atividades turísticas. Um de seus últimos negócios no setor é a organização de viagens a bordo de transatlânticos – também conhecido como cruzeiro marítimo.

Para vender essas viagens, Hussar utiliza o mesmo procedimento de uma agência de Turismo, porém, este jornalista ainda não recebeu a informação solicitada à Prefeitura se o político – atual presidente do PMDB – possui uma empresa legal para realizar essas transações comerciais e recolher os devidos impostos, principalmente o ISS (Imposto Sobre Serviço). Conforme a legislação, Hussar deve recolher uma porcentagem de 6% do valor da nota emitida para cada cliente.



“Defendi a honra de minha família”, diz Mussi sobre desentendimento com o ex-policial rodoviário

“Defendo a liberdade, porém, repudio qualquer tipo de desrespeito que ultrapasse o campo político e agrida a honra de meus familiares” (Deputado Guilherme Mussi)



O deputado Guilherme Mussi (PSD) esclareceu a confusão ocorrida no último sábado, dia 23, envolvendo o ex-policial rodoviário e ex-candidato a vereador e a prefeito Célio Canova (PP).

Em visita ao município de Capão Bonito neste último final de semana, o deputado aproveitou a ocasião para se reunir com lideranças e aliados políticos, onde anunciou algumas emendas parlamentares – recursos junto ao Governo Federal – para obras de infraestrutura urbana na cidade.
Após o encontro político, o parlamentar visitou amigos e comerciantes, e numa rápida passagem por um bar localizado na praça Rui Barbosa (Kim Bar), ele parou para conversar com o ex-policial rodoviário Célio Canova, que disputou uma vaga no Legislativo local participando da coligação apoiada pelo deputado do PSD.

Mussi relata que durante toda a conversa com o ex-policial, ele foi tratado de forma provocativa e desrespeitosa, e após ouvir ofensas verbais relacionadas a seus familiares, começou uma pequena confusão que acabou em agressões físicas de ambas as partes. “É preciso respeitar o caráter, os princípios e a honra das pessoas e das famílias, até mesmo para questioná-las”, comentou. O deputado ressaltou: “Defendo a liberdade, porém, repudio qualquer tipo de desrespeito que ultrapasse o campo político e agrida a honra de meus familiares”.

O deputado do PSD afirmou ainda que respeita toda e qualquer crítica com relação à sua atuação política na Câmara Federal, mas repudia aqueles que extrapolam o campo político e partem para a agressão pessoal e para a vida particular e familiar. “Todo homem público está sujeito a questionamentos que envolva o campo político. Ofender família é extrapolar os limites da Democracia e da nossa República”, comentou.

Não é a primeira vez que o ex-policial se envolve em confusões políticas. Recentemente, Canova foi condenado pela Justiça local por assinar um artigo jornalístico ofensivo contra o atual prefeito Julio Fernando Galvão Dias.

Boletim de Ocorrência
Após a confusão, o ex-policial se adiantou e registrou boletim de ocorrência por lesão corporal contra Guilherme Mussi. Em declaração à imprensa, Canova conta que parou no bar para cumprimentar o deputado, e segundo ele, após algumas brincadeiras, a saudação acabou se transformando em confusão e em agressões físicas.

O ex-policial confirma que apertou a mão do deputado com força. “Ele não entendeu a brincadeira”, disse. Célio Canova levou pontos no supercílio direito e ferimentos nos lábios.


Testemunhas consultadas pelo O Expresso e que presenciaram a confusão, não confirmam a versão do ex-policial. O deputado Guilherme Mussi está tranquilo com relação ao boletim de ocorrência. “Estou tranquilo, pois temos provas e testemunhas e vamos nos defender em juízo. Apesar do ocorrido, reitero meu compromisso com a liberdade de expressão, que é imprescindível para a Democracia brasileira. Da mesma forma, defendo que todos os cidadãos brasileiros precisam ter garantidos o respeito ao seu caráter e à sua honra”, concluiu.

Ar puro e economia poluída



Aqui, no eixo Capão Bonito, Ribeirão Grande e Guapiara, temos um grande reserva de APP’s (Áreas de Proteção Permanente) e de outros derivados de matas nativas. Um verde – que não é o do Palmeiras - que embeleza, que nos traz um “ar puro” e um posicionamento considerável nesses selos de marketing ambiental como Município Verde Azul. Certa vez, numa conversa ao telefone entre dois amigos – um de Guapiara e outro de São Paulo – o primeiro disse: “Olha, você precisa vir mais vezes para Guapiara”, e argumentou completando a frase: “Não há ar mais puro do que o de Guapiara”.

A gentileza do guapiarense é até considerável, mas quando o que se elogia numa cidade é o ar, é porque as coisas não andam tão bem. Deixando um pouco o folclore de lado, é importante ressaltarmos que o nosso Verde precisa gerar renda e empregos em toda região, caso contrário, os nativos do Sudoeste Paulista vão respirar um ar não tão puro como nosso, mas em contrapartida, terão de volta a dignidade mais importante do homem: o trabalho, o emprego.


Em minhas atualizações diárias de conhecimento, observei uma notícia no site do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre a exigência da elaboração dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos. As prefeituras terão até o fim de 2013 para entregar o que se pretende fazer em Capão Bonito com o lixo que hoje é despejado no aterro sanitário sem nenhum tipo de separação e reaproveitamento, e os demais resíduos que são jogados, de forma ilegal e irresponsável, em terrenos impróprios.


A corte de Contas não vai dar sossego às prefeituras, e faz bem! Governar é traçar metas e ações claras de desenvolvimento, e a obrigação do Plano de Resíduos Sólidos será um passo importante para a pavimentação dessa estrada sustentável. Mas os cidadãos e, principalmente, os vereadores, deverão ficar de olhos bem abertos para não deixar que as prefeituras chupem planos de outras localidades. Virou costume institucional do Poder Executivo dar o famoso Ctrl-C + Ctrl-V, e trocar apenas algumas letrinhas incômodas.

As cidades do Sudoeste Paulista precisam transformar esse plano numa oportunidade de negócio, e para isso, o debate com a iniciativa privada é fundamental. Estabelecer ações de forma independente do serviço público é uma alternativa interessante para criar uma cadeia produtiva e alimentar o setor econômico. Criar centros de coleta e reaproveitamento de materiais como baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e eletroeletrônicos, através de concessão pública, é uma oportunidade de geração de emprego e renda.


Alguns prefeitos precisam procurar um oculista urgente para enxergar a oportunidade nessa exigência. Reclamam da falta de recursos e do prazo, mas se esquecem de que há mais de 30 anos o Governo proibiu os lixões e o plano de resíduo sólido está previsto desde 2007. Na verdade, não é o prazo nem os recursos que estão em questão, é a falta de vontade e de visão dos administradores públicos ao tratar assuntos ambientais e econômicos.

A empresa Eco Recicle do empresário Paulo Cepil é um exemplo de como a Prefeitura deve agir diante de política pública. Hoje, além da coleta de entulhos, a empresa reaproveita todo o entulho recolhido e o transforme em materiais ecológicos de construção como tijolos e blocos.

Infelizmente o cenário, que poderia ser uma esperança de políticas ambientais e de geração de emprego e renda, é preocupante, tendo em vista a capacidade de gestão pública de muitos municípios. É preciso estabelecer incentivos fiscais tanto para as indústrias que se dedicam a reciclar os materiais reaproveitáveis quanto para as que deles se utilizam. Devem ainda completar as medidas a educação ambiental, a capacitação dos gestores municipais e a responsabilidade compartilhada na gestão de resíduos sólidos. O nosso Verde não pode ser rebaixado como o Verde da Sociedade Esportiva Palmeiras. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Prata da casa e ouro na casa

A dupla capão-bonitense Eraldo Santana e Marcelo Violeiro rodaram o Estado em festivais sertanejos, mas foi na própria casa que veio a consagração



Um velho provérbio diz que “Santo da casa não faz milagre” ou de que “É mais fácil ser Rei em Roma do que ter os aplausos da aldeia”. Essas frases estão mais para folclore do que para realidade, e uma dupla de apaixonados pela moda caipira mostrou de que é possível sim, ser aplaudido pelos próprios conterrâneos.  

A dupla capão-bonitense de música sertanejo raiz, Eraldo Santana e Marcelo Violeiro, completa no próximo mês de agosto dois anos de formação, e nesse pouco tempo de estrada, já venceram dois festivais na modalidade, sendo que o segundo foi conquistado na própria aldeia, na própria terra. No último domingo, dia 7, eles foram consagrados como a dupla campeã do Festival Sertanejo promovido pela Secretaria Municipal de Cultura no clube Kai-Kan, interpretando a música “Lamento de Carreiro”, do saudoso Tião Carrero.

A música que contagiou jurados e plateia traz a saudade do canto do velho carro de boi e de sua boiada, e é essa mesma saudade também serve de inspiração para esses dois “caboclos” da moda sertaneja.

Marcelo Violeiro, 36 anos, é nascido em Capão Bonito, e toda vez que pega na viola, seus pensamentos remetem ao passado. Seu cérebro funciona como uma espécie de máquina do tempo, e ao passar os dedos pelo instrumento musical, recorde-se do passado boiadeiro de seus pais e avós. “A música raiz é mágica, toda vez que sento para tocar lembro-me, com emoção, da minha infância e de meus antepassados”, disse.

Eraldo Santana, 52 anos, diz que o dom de encantar as pessoas através da música vem de sua genética boiadeira. Nascido no município Joanópolis, relata que herdou a arte de seu avô, Silvio Santana, fazendeiro e seresteiro. “Cresci ouvindo as serestas de meu avô, e dali começou esse relacionamento com a música”, contou.

Quis o destino, unir esses dois corações sertanejos no mesmo palco, e de um simples bate papo, nasceu a dupla Eraldo Santana e Marcelo Violeiro. “Comprei uma viola e liguei para o Marcelo para tomar algumas dicas e instruções. Ele veio em casa e começamos esse entrosamento musical”, relatou Eraldo.

Depois de alguns ensaios, caíram na estrada, e nela permanecem até hoje, percorrendo o Estado de São Paulo em busca de festivais e promovendo aquilo que os motiva: a música sertanejo raiz.

Eraldo e Marcelo são dedicados e desde a primeira apresentação, apontam uma grande evolução na sincronização dos acordes. Ensaiam o repertório composto de 60 músicas de três a quatro dias por semana. A dupla tem outra qualidade: a humildade. Eles têm o pé no chão sobre o futuro. Questionados sobre a fama e sucesso, respondem: “Queremos simplesmente cantar. Cantamos pelo simples prazer de cantar”.








sexta-feira, 17 de abril de 2015

O Padre Multifuncional

Monsenhor Pedro José Vieira foi de tudo um pouco em Capão Bonito.
Além da batina, teve cargos desde diretor de colégio até prefeito



A história de Capão Bonito tem uma peculiaridade interessante: a cidade produziu uma espécie rara de padre. O poeta Juraci Braz das Chagas criou uma frase que muito bem representa essa diferença de batina: “Capão Bonito teve o padre dos passos, e o padre do Paço (uma referência a padre Arlindo Vieira e a padre Pedro José Vieira)”.
Para entender a vida e a carreira do padre que nasceu em Pereiras e se estabeleceu em Capão Bonito, é preciso tratar o assunto de outra ótica: O capão-bonitense sempre foi e é católico e religioso, ingredientes que o transforma num perfil conservador, e foi através dessa tradição, que Pedro José Vieira se transformou numa das principais personalidades deste chão gameleiro.

Nasceu no ano de 1923 na pequena cidade de Pereiras. Passou a infância e adolescência na terra natal e em seguida, cursou o extinto ginásio no município de Botucatu e o colegial em Sorocaba. Nessa época, decidiu que seria padre, e para isso, iniciou o curso de Filosofia e Teologia na Faculdade Ipiranga e fez uma pequena complementação filosófica na Faculdade de Mogi das Cruzes.

Foi também nos estudos religiosos que Pedro Vieira demonstrou suas primeiras habilidades com a política. Aproximou-se de professores e diretores, e fez boas amizades dentro da Academia Católica. Virou padre, oficialmente, em 1948.

Sua aptidão para as Relações Públicas o levou a um importante cargo da época. Foi secretário particular de Dom José de Aguirre – primeiro bispo diocesano de Sorocaba. Também passou pelas paróquias de Porto Feliz, Itaí e Paranapenema e no dia 22 de janeiro de 1957, bota o pé em Capão Bonito.

Usou sua influência como comandante da Paróquia para melhorar a eficiência dos serviços prestados pelas entidades sociais daquela época. Antes de mergulhar na atividade social, reorganizou todo o sistema administrativo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, tornando-a uma das mais organizadas da região. Foi um dos fundadores da Legionários em Defesa do Menor (Casa do Menor), provedor da Santa Casa de Misericórdia e presidente do Asilo São Vicente de Paula.

Seu jeitão simples de caboclo conquistou os fiéis capão-bonitenses, principalmente os da zona rural. Assim como padre Arlindo Vieira, que andou por quase todos os cantos rurais de Capão Bonito em nome da palavra de Deus, Padre Pedro, o Pedrão, também teve sua peregrinação pelas comunidades católicas rurais.

Os tempos eram outros, e Padre Pedro teve mais conforto que Padre Arlindo para levar o catecismo às localidades mais distantes de Capão Bonito. Visitava famílias desde o Taquaral Abaixo ao bairro dos Proenças. Na morada mais simples – aquelas batidas a barro – era recebido com uma modesta caneca de café, e nas fazendas mais produtivas, o chefe da família oferecia quase um banquete medieval, com direito a uma suculenta leitoa a pururuca, uma das comidas prediletas do Pedrão.

Com a popularidade em alta com o povão, Padre Pedro tratou, também, de ganhar espaço e respeito dos homens e mulheres da sociedade capão-bonitense. Não foi difícil, e aos poucos foi se misturando aos importantes do setor econômico e político do município. Montaram até uma espécie de clubinho, que ganhou o apelido de “Tatu”. Sempre em tom de brincadeira, fazia questão de falar sobre seu time do coração, o Palmeiras, que naquela época tinha uma verdadeira academia de craques. Também molhava a boca numa pequena dose de pinga cabocla, mas jamais abusou. O cigarro era outro de seus costumes.

A política
Convidado para abençoar as obras públicas e as cerimônias oficias da Prefeitura, Padre Pedro foi, de passo em passo, se aproximando do mundo político. Acompanhou, por inúmeras vezes, as comitivas de políticos que saiam de Capão Bonito rumo à capital paulista em busca de recursos. 

Com seu faro infalível, o ex-prefeito Abib Elias Daniel percebeu que aquele jeito simples de Padre Pedro era um ingrediente perfeito para o início de uma carreira política. Veio às eleições de 1972, e Abílio Turco conseguiu a proeza de unir na mesma chapa, no mesmo palanque, a força católica com Padre Pedro, e o líder dos evangélicos Cornélio Batista da Silveira.

A dupla Padre Pedro e Cornélio Batista disputaram o pleito contra o jovem líder do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) Antônio Roque Citadini, hoje presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. No auge da ditadura militar, Capão Bonito manteve seu estilo conservador e elegeu o padre e o pastor.

Como prefeito o Padre promoveu uma verdadeira mudança administrativa na Municipalidade. Adotou técnicas modernas de gestão, e acabou com os “esqueminhas” que predominavam até então. Se Abílio Turco imaginava que o padre seria apenas uma peça do xadrez de seu tabuleiro político, se enganou. Padre Pedro construiu um modelo político bem diferente do padrinho.

Como prefeito, se aproximou dos comandantes militares. Aproveitou a amizade que construiu com o ex-governador Paulo Egídio Martins para trazer dividendos para Capão Bonito, e conseguiu. No fim de seu mandato, a cidade virou referência em abastecimento de água e tratamento de esgoto.

Acelerou o departamento de Obras e deu uma nova cara a cidade abrindo ruas e avenidas. Construiu um novo acesso para a vila Santa Rosa, potencializou a criação de bairros como a Vila São Paulo e Nova Capão Bonito. Conseguiu recursos para a construção da hoje escola Mieldazis e para a Casa da Agricultura.

Tinha um carinho especial pelo povo do Ribeirão Grande e foi em seu governo, que aquela localidade começou a respirar ares de independência. Padre Pedro instalou a subprefeitura do Ribeirão Grande, abriu novos acessos e promoveu diversas obras de infraestrutura. Foi o primeiro passo para a emancipação.

Deixou a Prefeitura em 1976 e nunca mais voltou. Seus últimos dias de vida foram dedicados aos projetos sociais e à missão sacerdotal. Morreu em 1989, deixando a seu povo o exemplo de homem público e de um sacerdote voltado às causas sociais. Um padre multifuncional!





Ex-prefeito de Capão Bonito morre aos 86 anos

Político chegou ao poder devido a um afastamento
temporário do ex-prefeito Hélio de Souza




Morreu no último dia 29 de junho o ex-prefeito Octávio Muller Filho, que chegou ao cargo máximo do município devido a um período de férias do ex-prefeito Hélio de Souza, e comandou a Prefeitura Municipal por quase 20 vinte dias, entre os dias 20 de setembro de 1987 a 09 de outubro do mesmo ano. Ele tinha 86 anos e se não bastasse a perda desta importante personalidade de Capão Bonito e Ribeirão Grande, sua esposa Maria Stella não suportou viver sem o amor e companheirismo do marido, e cinco dias após acompanhar com lágrimas e tristeza a despedida de Octávio Muller, ela também partiu para a eternidade, falecendo na última quinta-feira, dia 4.

Octávio Muller nasceu em Itapetininga, mas foi em Capão Bonito e em Ribeirão Grande que fez sua história. Tornou-se um dos mais educados e sensatos políticos que passaram por aqui. Trocou a agressividade pelos bons tratos e por isso, ganhou o respeito e a admiração do povo que lhe confiou um mandato de vice-prefeito ao lado do médico e ex-prefeito Hélio de Souza.

Sua atuação política começou num período não muito agradável para o país: ditadura militar. Apesar de ter militado na antiga Arena (Aliança Renovadora Nacional), devido a sua afinidade com o ex-prefeito Monsenhor Pedro José Vieira, foi no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) que Octávio Muller viveu seu auge político. Chegou à Prefeitura através do voto vinculado e ao fenômeno político chamado “André Franco Montoro”. Para a política, ele surgiu muito tarde e seu bom caráter o impediu de prosseguir nesse meio.

Porém, sua maior contribuição nesta vida de mortais foi na Educação. Foi reconhecido pela postura que adotou na direção da escola Oscar Kurtz Camargo em Ribeirão Grande. Orgulhava-se em comandar os trabalhos educacionais e principalmente, culturais daquela comunidade.

Quando assumiu a missão escolar, Ribeirão Grande ainda era um distrito de Capão Bonito. Octávio Muller ensinou Ribeirão Grande a caminhar sob os tapetes culturais. Das atividades pedagógicas implantadas na escola que comandava, nasceram os primeiros movimentos da Cultura e do Folclore de Ribeirão Grande, e que hoje, encanta povos de outros cidades e Estados.

Foi um diretor muito a frente de seu tempo, e que hoje, faz muita falta à Educação. Em pleno período de chumbo, teve a ousadia e a coragem de autorizar aulas com claras conotações oposicionistas ao Governo Militar, e isso lhe rendeu a admiração do grupo de docentes que comandava.


Aposentou-se e foi curtir a vida com a família depois do dever cumprido com a sociedade. Quem via aquele homem de estatura alta, que não dispensava aqueles óculos grandes e com um semblante que transmitia simpatia e humildade, jamais imaginaria que ali estava um cidadão raro, um cidadão que formou a Educação e a Cultura de uma pequena comunidade que hoje se transformou num município: Ribeirão Grande deve muito a Octávio Muller e essa dívida tem que ser paga com atividades que multipliquem seu exemplo de conduta em vida!

O que querem?



Nasci em 1980, ano da morte do poeta do amor: Vinicius de Moraes. Apesar de não ter vivido o auge da juventude brasileira nas décadas de 60 e 70,, mergulhei de cabeça em muitos livros da época. Foram dezenas de obras literárias como a trilogia de Elio Gaspari sobre a Ditadura Militar, a recente biografia de João Goulart e o Golpe que cessou a democracia naquele período. As perseguições contra a Imprensa – desde os tradicionais até os alternativos (O Movimento, Pasquim, Revista Realidade...), o assassinato de Vlado, enfim, tantos outros livros que formaram um conjunto de signos em meu sistema neurológico.

Era muito difícil ser jovem nos anos 60. Repressão nos costumes, repressão sexual, repressão política, acesso limitadíssimo ao ensino, magras possibilidades de profissão, exigência de roupas e comportamentos formais: era uma situação que nem todos percebiam, mas sentiam, assim entendo.

Uma simples frase dos compositores Marcos e Paulo Valle definiu toda aquela revolta que se instalou no Brasil depois do golpe de 64. A música “Não confio em ninguém com mais de 30”, estourou nas paradas de sucesso. Havia uma divisão grosseira – e sem dúvida, injusta – que parte da sociedade usava para rotular os jovens. De um lado os “alienados”: que curtiam o iê-iê-iê da Jovem Guarda e se desligavam dos problemas sociais. Hoje, os mesmos alienados trocaram o iê-iê-iê pelo Tchê Tchê Re Re de Gustavo Lima.

Do outro, os politizados: discutiam a sociedade, eram próximos de alguma entidade estudantil ou social e curtiam Chico Buarque e outros mestres da MPB. Hoje, ouvem em seus iphones e smartphones cantores como Renato Russo, e transformam as canções em frases de protesto.

A divisão de ontem e de hoje ainda existe e esquece-se de uma grande maioria, preocupada apenas com seu futuro, sua sobrevivência, seus empregos. Também esquece a falta de acesso a Educação de qualidade pelos ditos alienados. Mas, nesses mesmos alienados, há uma veia de insatisfação com o atual sistema político brasileiro. Estão cansados e fartos dessa peça quadrada chamada “Governo”.

Os jovens dos anos 60 continuam influenciando os jovens que se organizaram pelo Facebook e encheram as vias públicas das principais cidades brasileiras nesta semana, seguindo o exemplo dos manifestantes da Praça Tahir, no Cairo.  Mas não podemos nos esquecer de apenas um detalhe: no Egito lutavam pelo fim da tirania, aqui temos uma Democracia, e muitos daqueles que hoje gritam pelas ruas, sabem o verdadeiro significado deste termo.

Temos que destacar ainda a estratégia da grande mídia de aderir ao movimento, sendo ela uma das um dos temas de revolta. E os filhinhos de papai que estopem a USP, a Unicamp e outras universidades bancadas com o dinheiro do povo, e encabeçam as manifestações em SP? Tudo tem que ser muito bem analisado antes de qualquer decisão!

Erra o PT ao tentar passar a mão na cabeça dessa minoria da classe média. As manifestações não é um problema de polícia, e sim de política, e é aí que o PT erra. A vacina para uma manifestação de oposição é outra manifestação da situação. Quem fique bem claro que não sou partidário do PT, mas os estrategistas do partido deveriam organizar uma manifestação em plena avenida paulista a favor da Bolsa Família, da redução de tributos como IPI, da Minha Casa Minha Vida, do Prouni, da Copa do Mundo da Olimpíadas de 2016, enfim, atrairia milhões e milhões de pessoas e daria uma aula de democracia, e sem quebra-quebra! Ou vocês acham que os líderes dessas manifestações votaram na Dilma?


A verdadeira resposta disso tudo está com os próprios manifestantes, mas são diferentes que talvez nem eles tenham ainda respostas. Algo ocorre. O quê, ninguém sabe exatamente. Falar apenas em melhorias na Educação, Saúde e combater a corrupção é algo muito vazio! Por enquanto, a Marcha para Jesus tem muito mais contexto que essas manifestações.

Manifestantes vão às ruas de Capão Bonito

Críticas contra o rodeio e reivindicação de auxílio-transporte
universitário integral dominam os protestos



Muitos políticos e autoridades não acreditavam que as manifestações que nasceram em São Paulo chegariam às pequenas cidades do interior como Capão Bonito, porém, se enganaram. De uma cidade pacata e conservadora, Capão Bonito se transformou, também, num palco de reivindicações justas e legítimas. No início da noite da última sexta-feira, dia 21, cerca de 350 pessoas participaram de uma manifestação pacífica na região central, onde pediam, além de melhorias na Saúde, Educação e combate a corrupção, auxílio-transporte integral.

Os cartazes levantados pelos protestantes também estampavam críticas contra os gastos da Prefeitura com a Festa de Rodeio, o nepotismo cruzado e a falta de incentivo a outras modalidades esportivas além do Futebol de Salão (Futsal). Calcula-se que o Executivo local gastou cerca de R$ 700 mil para promover a 4ª edição da Expo Rodeio Show e manter o mesmo padrão de qualidade das promoções anteriores, com shows de ponta e estrutura elogiável.

Um grupo de atletas que praticam voleibol feminino na cidade trouxe também sua reivindicação para as ruas: “Não é só futsal que existe”; “Mais investimentos para o vôlei”; “Mais esportes”, diziam os cartazes improvisados. Os manifestantes também repetiam as reivindicações dos movimentos organizados nas grandes cidades como: “Queremos hospitais padrão Fifa”; “Saímos do Facebook e estamos nas ruas”; “Saúde, Emprego e Educação, para onde vai o imposto”; “Não a PEC 37”; “Para o futuro promissor, Plano Diretor”.

Entre as frases de protesto e as centenas de pessoas que participaram da mobilização democrática, garantida pela própria Carta Magna, apenas um jovem universitário isolado pedia a saída do prefeito Julio Fernando (PR) do Governo Municipal, desrespeitando desta forma a própria vontade da população, que exerceu seu direito de escolher seu representante através do voto direto, esquecendo-se também do movimento Diretas Já que paralisou o Brasil no início da década de 80, onde reivindicava o retorno do “Voto Direto” para a escolha dos representantes no Poder Executivo.

Assim como em todo país, o protesto foi convocado por lideranças estudantis através do Facebook. A concentração começou às 16h00 na praça Cunha Bueno, em frente ao Paço Municipal e seguiu para a praça Rui Barbosa e depois, os manifestantes percorreram a rua Floriano Peixoto e a avenida Lucas Nogueira Garcez. Com medo de algum tipo de vandalismo, a Vigilância Municipal e a Polícia Militar acompanharam o movimento de perto, mas não demandou nenhum tipo de interferência policial.

Durante a passeata, os jovens embalaram o ritmo dos passos com "gritos de guerra" do tipo "Vem pra rua vem Capão Bonito...”. Eles também gritavam: “Não, não, não...Não a corrupção”. Muitos com uma das mãos levantadas e com punhos fechados, seguiam e chamavam o povo para se integrar ao manifesto.
Alguns trechos do trânsito de Capão Bonito foi bloqueado pelo Departamento de Trânsito e Polícia Militar: Rua Floriano Peixoto e avenida Lucas Nogueira Garcez. Os motoristas desviavam pelas vias paralelas.

Autoridades apoiam manifestação pacífica
Apesar de algumas críticas serem direcionadas à atual administração, o prefeito Julio Fernando elogiou a iniciativa dos jovens e ressaltou que esse tipo de movimento proporciona um engajamento maior da juventude no processo democrático e nas políticas públicas do município. “São esses movimentos que fortalecem o processo democrático, e Capão Bonito demonstrou que é possível se manifestar sem violência e sem depredação do patrimônio público”, declarou Julio Fernando.

O chefe do executivo destacou também que, como cidadão, ele entende e compartilha o sentimento popular por melhorias na qualidade do serviço público. “Os municípios vem cumprindo a parte que lhes cabem, porém, necessitamos de um apoio mais forte do Governo Federal”, disse. O prefeito citou como exemplo a luta pelos reajustes na tabela do SUS.

Vice-prefeito se reúne com manifestantes
O vice-prefeito Marco Citadini (PTB) também declarou apoio à manifestação e disse: “Levantar bandeiras e reivindicações nas ruas é uma ação legítima da democracia e dos próprios jovens. Quem conhece a história do nosso país, sabe que muito dos avanços democráticos que temos hoje, vieram através de manifestações de jovens e estudantes”, comentou.


Nesta sexta-feira, o vice-prefeito se reuniu com um grupo de jovens que participaram do protesto capão-bonitense. O encontro foi articulado pelo ex-vereador Luciano Bernardo (PSD), e na ocasião, os manifestantes apresentaram as mesmas reivindicações levantadas na passeata. “Dialogar é a forma mais sadia da política democrática e republicana”, falou Citadini.

Joaquinzinho: de guarda-livro à prefeito

Mesmo nascendo em Capão Bonito, em 1908, foi em Guapiara que Joaquim Raimundo Gomes construiu sua vida e a vida do município




Ainda quando criança, Joaquim Raimundo Gomes sofreu uma pequena paralisia infantil que atrofiando uma de suas pernas. Essa pequena deficiência levou-o a se dedicar a leitura, transformando-o num grande estudioso. Joaquinzinho, assim chamado pelos amigos mais próximos, chegou em Guapiara em 1932 para comandar o Cartório do ainda distrito de Capão Bonito.

Nomeado tabelião do cartório de Guapiara pelo governador Pedro Manoel de Toledo, Joaquim Raimundo aos poucos foi se apaixonando pela comunidade guapiaraense. Já enlevado pela terra protegida por São José, se transformou numa das principais lideranças na emancipação de Guapiara, junto com outros grandes políticos históricos.

No mesmo período que chegou à comunidade guapiarense, acontecia a Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido no Brasil entre os meses de julho e outubro de 1932, onde o Estado de São Paulo visava a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o país. Como um bom paulista, Joaquim cedeu um prédio em Guapiara para abrigar alguns soldados que defendiam a bandeira do Estado de São Paulo. Décadas depois, veio o reconhecimento. Em 1982, representado por duas de suas filhas, Joaquim Raimundo Gomes recebeu, das mãos de um ex-combatente, a Medalha 9 de Julho, pelo relevantes serviços prestados na Revolução Constitucionalista.

Atividade social
Antes mesmo de Guapiara separar-se de Capão Bonito, Joaquim e sua esposa Honorina de Freitas Gomes, sempre estavam dispostos a ajudar de uma forma ou outra quem os procurasse. Como naquele tempo havia muita dificuldade para estudar, como contador, na época chamado de guarda-livro, Joaquim virou uma espécie de consultor de muitas famílias.

Com sua liderança natural, foi um dos colaboradores da formação de clube social, de times de futebol, jornais e nas atividades religiosas da Comunidade São José. Católico praticante, sempre mantinha bons relacionamentos com os padres que vinham à Guapiara para celebrar as missas, antes realizadas apenas uma vez por mês. Com isso, Joaquim Gomes acabou se tornando amigo pessoal de Padre Arlindo Vieira, um missionário que percorreu toda a zona rural de Capão Bonito e Guapiara, para levar a palavra cristã aos moradores, principalmente aos mais pobres. Toda vez que vinha à Guapiara, Padre Arlindo Vieira se hospedava na casa de Joaquim Gomes.

Segundo alguns familiares, Joaquim Gomes aprendeu muito com Padre Arlindo, não só na parte espiritual, mas sim na vivência, no bom exemplo e no conhecimento que o missionário do povo lhe passava. Juntos, ficavam horas e horas conversando sobre vários assuntos.

Líder da emancipação
Em 02 de maio de 1949, Guapiara finalmente recebe o título de município. Junto com a emancipação veio a primeira eleição, na qual Joaquim Raimundo Gomes foi eleito vereador junto com outros companheiros. Naquela época, o vereador não tinha salário, e por isso, prevalecia a boa vontade de ajudar o município a se desenvolver.

Não demorou para Joaquim Gomes se tornar prefeito. Seu primeiro mandato como chefe do Executivo foi na administração 1954-1958, e o segundo entre os anos de 1961 a 1964. Na política, era admirado pelos ideais que pregava, e foi assim, que virou amigo de um dos grandes líderes políticos de Capão Bonito, Dr. Raul Venturelli. 

Foram muitas as viagens junto com Raul Venturelli para São Paulo, em busca de recursos e investimentos para Capão Bonito e Guapiara. Por diversas vezes, ambos tiravam dinheiro do próprio orçamento familiar para bancar as despesas das longas e cansativas viagens à capital paulista.
Infelizmente, um trágico acidente tirou a vida do médico e prefeito Raul Venturelli. O povo perdia uma grande personalidade política, que não media esforços para trazer benefícios para o seu povo, e Joaquinzinho um grande amigo.

Mesmo triste com a morte de Raul Venturelli, Joaquim Gomes continuou sua missão em prol de Guapiara e como prefeito trouxe avanços significativos para época como implantação de energia elétrica, água e esgoto, e dedicou-se boa parte de sua administração à Educação, onde construiu as primeiras escolas do município, oferecendo ensino público a centenas de alunos que viviam às margens do conhecimento.