sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pequeno Grande Ribeirão



Ribeirão nasceu Capão e Capão nasceu em Ribeirão, que há de 19 anos comemora sua emancipação da cidade mãe. Há uma grande curiosidade nesta separação. Antes de carregar o nome de Capão Bonito, o município foi batizado de Freguesia Velha, às margens do Rio das Almas, localização esta que hoje pertence a Ribeirão Grande.

O povoado daquele pequeno chão de terra foi crescendo e se espelhando por outros cantos da região, se consolidando como o município de Capão Bonito. A história destes dois municípios se confunde. Não dá pra falar de um sem citar o outro.

Mas há algumas peculiaridades que só encontramos em Ribeirão Grande. Alguns elementos históricos apontam que Ribeirão Grande germinou no Ribeirão dos Cruzes, uma pequena comunidade familiar, os “Cruzes”, que afincaram moradias em torno de um imóvel feito em taipa e chão batido, a “Casa Grande”, que hoje virou memória histórica na cidade e recentemente recebeu obras de restauração.

No início do século XIX, a famosa “Casa Grande” servia como uma espécie de venda – pequenos estabelecimentos comerciais encontrados geralmente em comunidades rurais. Ali, o povoado e viajante encontravam alimentos, especiarias e objetos da época.

Alguns aprendizes a historiadores defendem que tropeiros utilizavam o local como posto de troca. Documentos encontrados em arquivos históricos do Governo de São Paulo contradizem essa hipótese, pois não constam nos mapas oficiais que tropas vindas do Sul passavam por ali, considerando a localização geográfica do povoado, que ficava na contramão da rota original.

A cultura e as tradições de Ribeirão Grande se formaram dentro dos princípios religiosos e das comemorações festivas da Igreja Católica. Cada comunidade tem seu santo padroeiro e suas festividades comemorativas. A tradicional quermesse, o vinho quente, o bolinho de frango permanecem vivos nos costumes locais.

Até hoje, o povo mais antigo do município ainda utiliza palavras consideradas arcaicas pela Língua Portuguesa. Outras manifestações culturais são expressas através de danças como o Fandango de Tamanco. A origem do ritmo é espanhola e não tropeira, como afirmam alguns palpiteiros. Uma tradição que é passada de pai para filho há algumas décadas.

O som da dança vem das violas de dez cordas, da sanfona de oito baixos e do sapateado dos tamancos sincronizados com a melodia e fabricados pelos próprios componentes. Os tamancos são produzidos com madeira das árvores de laranja, que segundo eles, é mais resistente.

Na gastronomia o destaque é o famoso “Rojão”, prato típico de Ribeirão Grande que conquistou o paladar de outras regiões e localidades. O tempero forte e a carne enrolada na madeira e amarrada com barbante é presença garantida nos principais eventos do interior de São Paulo.

Emancipação
O processo de emancipação de Ribeirão Grande começou no início da década de 70, quando o antigo diretório do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) de Capão Bonito, solicitou à Justiça Eleitoral da época, a instalação de seções eleitorais no então distrito de Ribeirão Grande. Os documentos foram assinados pelos emedebistas Juraci Braz das Chagas e Antônio Roque Citadini, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Ainda nos anos 70, o distrito ganhou uma subprefeitura. Por lá passaram personalidades como Leomir Baldissera, Eduardo Brizola e Vicente Silvano. Antes de ser chamado de município, Ribeirão Grande tinha papel importante na política capão-bonitense. Elegeu vários vereadores: Vandir Mendes de Queiroz, Eduardo Brizola, Cláudio Balaio e Jaime Tozzo.

As primeiras reuniões para discutir a separação de Capão Bonito começaram no ano de 1989. O primeiro passo foi criar uma comissão. Depois disso, iniciaram o levantamento de dados e a coleta de assinatura para a elaboração do requerimento proposto pela Assembléia Legislativa. A emancipação oficial ocorreu no dia 30 de dezembro de 1991, e foi assinada pelo então governador Luiz Antônio Fleury Filho.

Hoje, a cidade não é só independente nas esferas econômicas e jurídicas. Ribeirão Grande é um município com identidade própria, com costumes e tradições próprias. Sua paisagem construída pelas belezas naturais da Mata Atlântica atrai turistas do Brasil inteiro. A cidade pode ser pequena no número de habitantes, mas é grande na alma e no coração.





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